JOSÉ
DE RIBAMAR NÓBREGA DE GALIZA - resumo enviado por Arimatea Coêlho
Nasceu em Vitória do Mearim em 03 de dezembro de
1915, filho de Calixto Nóbrega de Galiza e Bárbara Sousa Galiza, Dona Pepita,
como era conhecida. Seu pai era funileiro, santeiro, maleiro e especialista em
iluminação a carbureto. A família Galiza,
hoje espalhada pelo mundo, é originária do
Reino da Galiza.
Calixto Nóbrega de Galiza chegou em Vitória do
Mearim trazido por empreitada pública, algumas instalações particulares, e muitas
dificuldades para sustentar a família.
Viveram mais ou menos dois anos em Vitória do
Mearim, de onde partem para Grajaú, levando o filho, que contava com pouco mais
de um mês, já devidamente batizado e registrado. Dois ou três anos mais tarde,
mudam-se para Balsas, de onde partem, em 1921, para Bacabal, terra retratada no
romance À Sombra da Gameleira, escrito
por Galiza.
Terminado o primário em Bacabal, foi morar em
Pedreiras, trabalhando como sacristão do Pe. Jaime a fim de aprimorar os
estudos, com vistas ao seminário de Santo Antonio, em São Luís. De volta a
Bacabal, vive de biscate no Correios e Telégrafos da cidade, ajudado que fora
por um tio que era agente da repartição.
Aos 14 anos, torna-se professor municipal, por
nomeação incentivadora do vitoriense Ranulfo Fernandes, o prefeito. Dois anos
após, com o dinheiro economizado, parte sozinho com destino a São Luís, capital
do Estado. Foram dias de viagem cansativa pelo Rio Mearim, único meio de
transporte à época. Foi então que conheceu Vitória do Mearim, sua terra natal.
Era novembro de 1923. “Emocionado, desembarquei e percorri pequenos trechos da
cidade, o tempo que me permitia a parada do vapor. Revi a ex-namorada, Maria de
Bizantino, que de Bacabal viera passar uma temporada em casa de parentes,
cuidar do enxoval ou coisa que o valha, que pretendente seguro ela já havia
encontrado. E eu me pergunto (perdoem os meus conterrâneos a este filho
ingrato) se a minha emoção maior era ver Vitória ou rever Maria, aquela minha
primeira namorada[1]...”
Em São Luís, Ribamar Galiza enfrentou
três anos de dificuldades, como milhões de jovens pobres e estudiosos que
buscam, a qualquer custo, vencer na vida. Mas, a final, vence o concurso para
os Correios e Telégrafos, obtendo o décimo quarto lugar para exercer o cargo de
telegrafista, valendo-lhe o que aprendera em Bacabal com seu tio. Telegrafista
e ao mesmo tempo professor de matemática nos colégios mais importantes de São
Luís. Algum tempo depois, enfrenta concurso para o Banco do Brasil, gerenciando
várias agências, após o que veio para São Luís, exercendo a função durante nove
anos, sendo transferido para o Rio de Janeiro em 1966, e logo em seguida posto
à disposição do BNDE para o desempenho de outro cargo de direção em uma sua
subsidiária, a FINAME.
José de Ribamar Nóbrega de Galiza escreveu as obras:
A Outra Dolores (contos, 1958); À Sombra das Gameleiras[2]
(romance, 1958) exatamente quando o escritor assumia a gerência do Banco do
Brasil de São Luís; O Povoado
(romance, 1970); Apetrechos de Amor (romance
1983); O Cantar das Casuarinas (romance, 1986), tendo participado da antologia
de contos, organizada por Heli Samuel e Hélio Moraes, intitulada O Conto e o
Dono do Conto (1987), do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro.
Sempre recebido com aplausos pela crítica
brasileira, Ribamar Galiza mereceu do escritor Adonias Filho[3], as
seguintes considerações: Na melhor linha
do “romance de costume”, reanimando a vida sem forçá-la em seu realismo e sua
simplicidade, revela esse ficcionista que prefere não inventar para projetar o
que testemunha. Não há, em suas páginas, qualquer especulação e nem se revela a
preocupação em revolucionar os caminhos clássicos da novelística. Em seu
comportamento tradicional, narrando quase sempre com a língua comum do povo,
Ribamar Galiza situa o romance de costumes no ciclo regional. É tudo isto que
faz do seu romance um livro raro no momento em que as problemáticas subjetivas
sacrificam a movimentação episódica e a configuração humana das personagens.
Edgar Proença também se manifestou a respeito do
romance À Sombra das Gameleiras e do seu autor: Com este livro “ A Sombra das Gameleiras”, ganha a ficção brasileira
mais um nome de merecido relevo, cujos primeiros passos no gênero deixam
entrever bem mais que uma simples promessa. Ribamar Galiza, de fato, já é uma
autêntica vocação a serviço da moderna literatura brasileira.
José de Ribamar Nóbrega de Galiza, patrono da
cadeira nº 31 da Academia Arariense-Vitoriense de Letras – AVL, cujo patrono é
o poeta e contista vitoriense Paulo Tarso Barros, morreu no Rio de Janeiro, em
1987.
[1]
Carta encaminha pelo escritor ao pesquisador vitoriense Washington Cantanhede.
[2] À
Sombra das Gameleiras se passa na cidade de Bacabal, retratando usos e costumes do povo do Mearim.
[3] Adonias Aguiar Filho foi um integralista, jornalista, crítico
literário, ensaísta e romancista brasileiro, membro da Academia Brasileira de
Letras.
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Brazil. Congresso Nacional. Câmara dos Deputados - 1962 - Visualização de trechos
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