Selecionei alguns trechos de um artigo de Antom Corbacho, à respeito dos imigrantes Galegos no Brasil.
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- A emigração galega ao Brasil foi a terceira mais importante em América. Porém, não há demasiados estudos sobre ela.
- O imigrante é mão-de-obra que, como tal, procura fazer fortuna encarregando-se das profissões que os nacionais deixam para a sua ocupação por parte de trabalhadores estrangeiros. E no Brasil essa mão-de-obra galega, embora fosse majoritariamente rural, pretendeu a fortuna nas cidades, em profissões urbanas que demandavam escassa qualificação técnica. Tratou-se de uma mão-de-obra que chegou ao Brasil na terceira classe dos transatlânticos.
- O galego era mais um gringo que não falava brasileiro nem português de Portugal, era alguém que se expressava de forma enrolada, e não como “a gente”, era o outro a se expressar de uma outra forma, que o aborígine não reconhecia como parelha à própria. Nas entrevistas que fiz deparei-me com imigrantes galegos que sim perceberam a comunhão linguística com os nativos, mas também houve galego-falantes que asseveraram que a língua do Brasil foi mais um empecilho que tiveram que superar; ou seja, o brasileiro, para eles, teve que ser aprendido como uma língua estrangeira para progredirem no processo da sua integração no país.
- Alguns imigrantes toparam imagens sobre os galegos que não tinham a ver com os galegos da Galiza. O galego era e é a pessoa loira, ou o português, ou, em algumas regiões do país, qualquer estrangeiro, sendo, assim, o qualificativo galego sinônimo de gringo. Quer dizer, havia e há imagens sobre os galegos com independência dos imigrantes galegos da Galiza. Creio que o único município em que a primeira denotação que tem o termo galego é a de “galego da Galiza” é Salvador, no Estado de Bahia. Nos documentos oficiais e nos ensaios que analisei, emitidos/ publicados nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro entre as décadas de 1890 e 1960, o galego, e o espanhol em geral, junto ao português, é apresentado como o trabalhador estrangeiro ideal, por ele ser ordeiro, esforçado e de fácil assimilação, ou seja o galego foi considerado como o estrangeiro conveniente que, caso ficasse no país, faria o possível para que a sua descendência fosse educada para se sentir plenamente brasileira. E esse foi um objetivo da administração pública brasileira. Não interessava só aproveitar a mão-de-obra estrangeira; queria-se que ele permanecesse no país, para contribuir ao processo de colonização, povoando as cidades e os sertões, aumentando a população e branqueando a nação mediante as uniões inter-étnicas.
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